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A escolinha de futebol que vai além do esporte: ensina respeito, amizade e união
Published 06/30/2017 by Daiane Yara Martins
Projeto, que tem mais de 30 crianças, acontece no bairro Paraíso e é liderado por um voluntário.
Lusinir Martins Chaves, 25 anos, já se mudou de bairro, cidade e estado. E sempre levou na mala e no coração o sonho de se tornar um jogador de futebol. Tentou uma, duas, mais de dez vezes. Mas foi no trabalho voluntário como treinador, que ele encontrou a realização pessoal que buscava nos campos.
Desde janeiro deste ano o treinador voluntário incentiva o esporte, o respeito e a amizade entre mais de 30 crianças do bairro Paraíso, em Horizontina. Todo sábado (quando não chove) a turma está lá, às 9h em ponto, pronta para mais um treino. “Eu sempre tive vontade de ajudar e decidi montar esse time quando vi o campo abandonado na praça do bairro. Pensei: vamos transformar isso em esporte”, conta Nire, como é conhecido na comunidade.
Ele teve o apoio dos moradores do bairro para arrumar o espaço, foi em busca de patrocinadores para bolas e coletes e chamou a gurizada. “No primeiro treino já senti a satisfação desta iniciativa. Futebol para mim é uma paixão maior que tudo. E ajudar os meninos, é melhor ainda”, garante. Quando a escolinha já estava funcionando, a diretoria da Associação dos Moradores do bairro convidou Nire para conhecer o Programa Semeando o Futuro. “ A ideia do programa é pensar no futuro da comunidade, das crianças. Aceitei fazer parte disso porque também acredito que podemos, juntos, fazer um futuro melhor para a comunidade. Hoje em dia a geração vídeo game domina nossos jovens. E nós, com esta escolinha, estamos conseguindo chamar eles para o esporte, para o campo, para lutar pelo sonho de cada um”, ressalta o voluntário.
No ano passado, um grupo de líderes comunitários formaram a Associação de Moradores de Paraíso. A conquista teve o suporte do Programa Semeando o Futuro e a equipe recebeu treinamento em planejamento e desenvolvimento de projetos comunitários. Com apoio adicional de voluntários cívicos do Programa, chamados de Embaixadores Comunitários, Lusinir e a Associação conseguiram escrever a apresentar o projeto da Escolinha de Futebol, o qual foi recebido e aprovado pelo Conselho da Comunidade. “Foi um trabalho em conjunto de todos os voluntários para que esse projeto fosse aprovado”, conta o treinador. Mas o maior incentivo de Nire não vem do material. Ele colocou como contraparte no projeto a doação do seu tempo para liderar os treinos. “O que me empolga a continuar é ver o sorriso das crianças depois dos treinos. Nao sei muita coisa, mas o que eu sei, passo para eles. E além do esporte, falo o que aprendi com a minha mãe: sempre ajudar o próximo, ter respeito com todos, ficar longe das drogas, da violência. Ser um bom cidadão”.
“Aprendemos a não roubar nem no campo, nem fora dele”
De acordo com o participante da escolinha Gabriel Lucas Alves, 14 anos, Nire está fazendo muito bem feito o trabalho que se propôs. “Todo sábado a gente se diverte e aprende não só coisas de futebol, como alongamentos e dribles, mas também valores como respeito. Se acontece uma falta, a gente pede desculpa e segue o jogo. Aprendemos a não roubar nem no campo, nem fora dele”, conta o estudante. Além dos aprendizados, Gabriel garante que vai levar para vida as amizades que fez nos treinos. “Fiz muitos amigos aqui. E sei que para o meu futuro essas amizades serão importantes”, conta.
Para Josiane Raquel Cardoso dos Santos, 32 anos, o projeto ajuda também dentro de casa. Ela é mãe de dois jogadores – o Emanoel de 8 anos e Giovani de 10 – e conta que depois que a escolinha de futebol começou, os filhos ficaram mais atentos aos estudos. “Eles têm mais interesse em ajudar casa porque sabem que vão participar dos treinos: levantam cedo, tomam café, escovam os dentes, ficam motivados. Durante a semana estudam mais para poder vir no treino no sábado. O professor incentiva o estudo, ele é um bom exemplo. É emocionante ver meus filhos envolvidos neste projeto”, garante.
Texto e fotos: Alessandra Toniazzo