A relevância social e ambiental dos catadores de materiais recicláveis

O descarte de materiais recicláveis é uma questão mundial e no Brasil ainda estamos longe do ideal. Em muitas cidades brasileiras não há regulamentação para o descarte e a coleta desse tipo de resíduo. Uma pesquisa da Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais mostra que 74% dos municípios brasileiros tem iniciativas de coleta seletiva, mas ainda de forma muito incipiente em muitos locais. Outro dado importante é que 1.500 municípios não desenvolvem nenhuma ação relacionada a coleta seletiva. Apenas 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser enviados para reciclagem no Brasil, passam por esse processo. Algumas das razões para o baixo índice é a falta de conscientização e engajamento do consumidor na separação e descarte dos resíduos e a falta de infraestrutura por parte das prefeituras para que esses materiais voltem ao ciclo produtivo.

Os catadores de materiais recicláveis atuam exatamente neste gargalo. Estima-se que aproximadamente 800.000 catadores coletam 90% dos materiais reciclados no Brasil. As condições de trabalho são precárias, oferecendo riscos como o contato com o chorume, cortes causados pelos resíduos descartados de forma inadequada, falta de equipamentos básicos de proteção. Ainda assim, atuando como importantes agentes ambientais/sociais os catadores coletam, transportam, separam e muitas vezes acondicionam os materiais em suas próprias casas, expondo toda a família a demais risco como vetores causadores de doenças. Apesar da rotina exaustiva e dos riscos aos quais são expostos, a necessidade faz com que os catadores sigam com este trabalho que é essencial para a sociedade e o meio ambiente, já que com a coleta e venda dos materiais para a reciclagem, além do próprio sustento, eles contribuem para a redução de resíduos que ocupariam espaço em aterros e lixões, aumentando a vida útil do material que coletam e dos espaços destinados ao descarte.