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Agentes comunitárias de saúde salvam vidas! 

Published 05/16/2025 by sflorencio

Profissionais de saúde são o coração da segurança sanitária global, desempenhando um papel essencial na prevenção e resposta a pandemias, além de enfrentarem ameaças crescentes como outras doenças infecciosas, doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) e desafios relacionados à saúde materna e infantil. 

Em homenagem a esses trabalhadores e trabalhadoras conheça Margaret Odera, do Quênia — uma dedicada agente comunitária de saúde (ACS) e “mãe mentora”, que já ajudou centenas de mulheres com HIV em sua comunidade a darem à luz e criarem filhos livres do vírus. 

A IntraHealth International, parceira da Global Communities, conheceu Margaret pela primeira vez em 2019. Desde então, ela já compartilhou sua experiência em mais de 25 eventos, incluindo encontros com formuladores de políticas globais. Em 2021, fundou a Rede de Campeãs de Agentes Comunitárias de Saúde — a primeira do Quênia a unificar e mobilizar essas profissionais em prol da valorização, remuneração justa e profissionalização da categoria. Atualmente, Margaret cursa Serviço Social e atua como especialista em saúde comunitária na área de políticas e estratégias. 

No ano passado, Margaret recebeu o prêmio Community Health Champion Award, concedido pela CORE Group durante a Conferência de Profissionais da Saúde Global. A seguir, leia seu discurso de agradecimento, no qual ela compartilha o que a inspirou a seguir esse caminho e reforça o papel vital das agentes comunitárias de saúde nos sistemas locais e globais: 


“É uma grande honra estar aqui. Jamais imaginei que viveria para ver um dia como este se tornar realidade. Isso me faz lembrar de cerca de 20 anos atrás, quando eu evitava os serviços sociais, porque havia testado positivo para o HIV, e um pastor me expulsou da igreja depois que não fui curada pelas orações dele. Esse pastor me disse: ‘Tuonane mortuary’ — em suaíli, ‘Nos vemos no necrotério’. 

Quando saí daquela igreja, decidi que esperaria a morte sozinha em casa. Me isolei do mundo, da minha família, de todos, e esperei que a morte chegasse. Pensamentos suicidas rondavam a minha mente. 

Mas havia uma agente comunitária de saúde que me observava várias vezes — eu aparentava estar doente e muito debilitada. Eu a evitava completamente. Um dia, cansada de ela me seguir para todos os lados, disse: ‘Saia da minha casa’. Mas quando ela parou na porta, disse: ‘Margaret, e se Deus apenas tiver adiado a sua cura? E se Ele quiser curar sua saúde mental primeiro?’ Quando aquelas palavras atravessaram minha alma, eu me sentei. E ela voltou e disse: ‘Margaret, você não pode desistir. Eu não vou deixar você morrer. Eu não vou deixar você desistir’. 

E agora estou aqui, 20 anos depois, com três filhos HIV negativos. E meu marido também é HIV negativo. Que trabalho maravilhoso essa assistente de saúde fez — algo que nem os médicos conseguiram. Eles não conseguiram me ajudar porque era a minha mente que precisava mudar. Esse é o poder de um agente comunitário de saúde. 

A agente comunitária de saúde Margaret Odera oferece aconselhamento no Centro de Saúde Mathare North.
Foto de Patrick Meinhardt para a IntraHealth International.

Hoje sou uma agente comunitária de saúde e mãe mentora, acompanhando mães soropositivas durante a gravidez e a amamentação. Ver essas crianças, agora, em condições de prestar seus exames nacionais do ensino fundamental e médio, saudáveis e HIV negativas, é a minha maior satisfação — como mãe e como profissional. 

É uma honra estar aqui hoje, representando meus colegas agentes comunitários de saúde. Quero aproveitar essa oportunidade para destacar o papel vital que desempenhamos nos sistemas de saúde, tanto locais quanto globais. Somos agentes de mudança. Ao reconhecer e incluir os agentes de saúde no planejamento e na execução das políticas de saúde, podemos construir respostas públicas mais eficazes. 

Esta é a terceira vez que estou diante de vocês. O primeiro prêmio que recebi foi, em 2019, o prêmio USAID de ‘Mãe Mental do Ano’. O segundo foi o ‘Heroína da Saúde’, em 2022, que reacendeu minha paixão por defender os agentes de saúde — 70% deles, no Quênia, são mulheres. Agora, tenho a honra de receber este terceiro reconhecimento, que me motiva ainda mais a fortalecer essa força de trabalho essencial. 

Seguirei os passos da minha professora, Wangari Maathai, que dizia: ‘Comece de onde as pessoas estão’. E é exatamente isso que estou fazendo — começando novamente junto da minha comunidade e dos meus colegas, para lutar pelos direitos dos trabalhadores comunitários e dos membros da comunidade como um todo, em busca de equidade na distribuição dos recursos de saúde. 

Com tantas novas ameaças à saúde surgindo no mundo, não há mais tempo a perder. A hora de agir é agora. Minha vida é prova de que os agentes comunitários de saúde salvam vidas. Vamos profissionalizar essa categoria. Vamos oferecer oportunidades reais de progressão na carreira. Vamos pagar salários justos. E vamos acabar com a injustiça corporativa — afinal, 70% dos agentes de saúde são mulheres, e as mulheres são cuidadoras por natureza. Vamos valorizar essas mulheres, e nos capacitar como agentes comunitárias de saúde para reconstruir uma força de trabalho em saúde mais forte, mais justa e mais humana.”