News  >  Blog

Líderes que pensam no coletivo, fortalecem o desenvolvimento comunitário

Published 03/05/2018 by Daiane Yara Martins

cohab-4_1

Três bairros de Horizontina estão executando projetos sociais que visam qualidade de vida para mais de 3 mil moradores 

Quem chegava para o jantar comunitário no salão do bairro Cohab, em Horizontina (RS), ficava com água na boca antes mesmo de se sentar. O cheiro do galeto sendo assado e a massa caseira preparada na cozinha invadia o salão. Mas a comida foi apenas um detalhe no evento que reuniu mais de 100 moradores. A atenção estava focada nas conquistas que a Associação de Moradores, junto com o Grupo Colaborativo, tiveram em 2017: o novo piso, a nova pintura, as novas cadeiras e a reforma da cozinha. O salão ficou mais aconchegante e os moradores mais animados. A grande atração da noite foi a churrasqueira elétrica, adquirida a partir de um projeto elaborado pelos líderes comunitários, inscrito e aprovado no Fundo Comunitário da Global Communities Brasil. “É muito além da churrasqueira, é uma mudança de vida: agora o aluguel do salão vai aumentar e com o dinheiro vamos fazer outras melhorias no bairro. Além disso, o salão arrumado estimula a população a participar mais das ações. Aos poucos as melhorias estão sendo vistas e vividas”, afirma Marcelo Viana, vice presidente da Associação.

O Fundo Comunitário da Global Communities Brasil foi instituído para estimular o conhecimento das comunidades na elaboração de projetos, captação de recursos e construção de parcerias. É parte de uma ação promovida pelo Programa Semeando o Futuro para fortalecer as comunidades locais. De acordo com Giovana Kuhn,  técnica em Organização Comunitária do programa, o processo começa com o acompanhamento da equipe nas comunidades e mobilização de líderes comunitários. Alguns líderes dos 10 bairros recebem uma capacitação em Gestão de Projetos, que facilita o conhecimento em planejamento de projetos. “O objetivo é oportunizar conhecimentos para desenvolvimento local. Sempre partindo do coletivo, pensando nas melhorias. Esse processo faz parte da Gestão Comunitária Participativa, que é a nossa metodologia”, explica.
 
Durante o ano de 2017 quatro bairros de Horizontina foram beneficiados com a consultoria em Gestão de Projetos, onde as associações e grupos colaborativos puderam elaborar os projetos e pensar em ações de melhorias. Cada grupo recebeu mais de 10 horas de acompanhamento.
 “O objetivo é a melhoria na qualidade de vida. Fortalecer laços de parceria local, fomentar maior autonomia e autossuficiência das comunidades, na continuidade de outras ações”, completa Giovana.

Leila Cristina Conrad, tesoureira da Associação da Cohab, garante que aprendeu muito com o curso que recebeu e com as reuniões que participou com a consultora. Ela ajudou na elaboração do projeto da churrasqueira e agora já planeja outros para o bairro.  “Muitas ações foram elaboradas por um pequeno grupo para que o salão tivesse o que tem hoje. Não foi fácil, mas conseguimos!”, comemora a voluntária. Ela ainda afirma que, depois das conquistas, outros líderes apareceram para ajudar. “Acredito que a comunidade está olhando com bons olhos estas mudanças. É um processo gradativo, mas que desperta um sentimento de orgulho e também de superação. Vamos em frente”. 
 
Um espaço de diversão para mais de 70 crianças
Há alguns anos a prefeitura instalou uma academia ao ar livre em uma praça no bairro Alvorada. Os moradores gostaram, mas nem tudo foi do jeito que desejavam: não há nenhum espaço para as crianças que acompanham os pais na atividade. A falta de estrutura infantil foi logo marcada como prioridade nas reuniões feitas pela comunidade. E, então, criar um espaço de diversão tornou-se objetivo principal da Associação de Moradores e Grupo Colaborativo. Derli Kahlbamn é uma das líderes comunitárias que batalhou para esta melhoria. Ela fez a capacitação e participou das reuniões com a consultora. Com o empenho dela e dos colegas, o bairro também foi contemplado com o Fundo da Global, e agora mais de 70 crianças agora podem brincar no parquinho. “Foi sempre a prioridade do bairro e agora é real. Essa oportunidade que a Global nos deu foi um aprendizado que eu jamais pensei em ter. Quero retribuir colocando em prática o que aprendi: elaborar mais projetos para melhorar ainda mais o bairro. Buscar recursos e continuar fortalecendo o desenvolvimento”, afirma.
 
 
Uniformes que representam mudança de vida
O plano de três moradores em formar um time de futebol no bairro Bela União, uma das comunidades mais carentes de Horizontina, era perfeito: mobilizar as crianças, dedicar o próprio tempo para o treinamento, fazer parceria com o poder público para ocupar o ginásio municipal e arrecadar fundos. Em poucas semanas, mais de 35 crianças se interessaram pelas aulas que os três voluntários ofereceram. A prefeitura cedeu o espaço e os treinos começaram com bola emprestada e sem coletes todas as segundas-feiras, durante duas horas. A parte da renda foi a mais difícil. “O objetivo era  tirar as crianças da rua, estimular o esporte e aumentar a qualidade de vida. Mas sem material era muito difícil. Não sabíamos como montar um projeto para arrecadar fundos e aí veio a ajuda e a capacitação. Foram meses quebrando a cabeça para montar tudo certo. Quando foi aprovado e o material chegou, a alegria não cabia em nós”, afirma um dos treinadores voluntários Luis Ricardo Machado de Lima que participou do curso e de todo o processo da elaboração do projeto. 
 
Com a ajuda do Fundo Comunitário, a Associação de Moradores ganhou coletes, meias, tênis, bola e outros materiais. Eles são emprestados para as crianças e adolescentes durante os treinos e jogos em competições locais. Para o embaixador voluntário Alexandre Carrard Rodrigues, acompanhar o processo foi um aprendizado para todos. “A comunidade aprendeu na prática as etapas necessárias para desenvolver projetos e a entrega dos uniformes completou um ciclo de aprendizado. Tivemos a alegria de quem aprendeu fazendo algo para o bairro e a alegria das crianças que receberam este material para praticar esporte. Eu, como voluntário, também fico feliz em poder ajudar”.
​​
Por: Alessandra Toniazzo