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Qual o papel dos líderes comunitários no combate à Covid-19?

Published 08/06/2020 by Daiane Yara Martins

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​Durante o período de isolamento social – recomendado pelas autoridades de diversas regiões do Brasil e do mundo como uma das formas de contenção ao novo coronavírus (Covid-19) – a atuação junto às comunidades se tornou ainda mais essencial. Mas, para se adaptar a essa nova realidade, passou a acontecer de um jeito diferente.
 
Quando o encontro presencial não é possível, a solução é usar a tecnologia para manter o contato com líderes comunitários e voluntários participantes do programa Semeando o Futuro. Foi com este objetivo que a Global Communities iniciou, em agosto, o Ciclo de Conversas – Gestão Comunitária em tempos de crise.
 
A iniciativa promoveu uma série de encontros, 100% online, que contou com a participação de especialistas, líderes e voluntários para abordar temas sobre os mais diferentes aspectos dos tempos de crise.

“Queremos manter o vínculo com as comunidades neste momento difícil que estamos passando. O distanciamento provoca a perda de momentos sociais que são importantes. A proposta é manter a proximidade junto aos líderes comunitários para não perdemos o engajamento no desenvolvimento comunitário que vem sendo implementado”, explicou Naja Souza, coordenadora regional do Semeando o Futuro na cidade de Montenegro (RS), durante a primeira conversa realizada em 6 de agosto.
 
O tema de abertura esclareceu as dúvidas sobre a “prevenção, responsabilidades e cuidados pessoais perante a sociedade no combate à Covid-19”.
 
Para falar, ninguém melhor que dois profissionais da saúde que estão atuando na linha de frente do combate à pandemia: Dr. Jorge Elias Dalferth de Oliveira, médico que tem prestado atendimento em hospitais de campanha da Covid-19 na região metropolitana de Porto Alegre (RS) e Luciana Maria Silva de Oliveira, enfermeira e, também uma líder comunitária no bairro Industrial, em Montenegro (RS).
 
Além da complexa situação sanitária trazida pela disseminação da doença na sociedade como um todo, outro desafio do momento é evitar que os voluntários se afastem das ações comunitárias. É para isso, é preciso observar os devidos cuidados para evitar o contágio e a transmissão do vírus.
 
Para esclarecer os principais pontos de dúvida, os especialistas compartilharam suas experiências vividas em campo.

O que é o coronavírus e quais são os sintomas?

“O coronavírus é uma infecção viral, na qual o vírus morre sozinho em pouco dias. O que diferencia a Covid-19 são as complicações decorrentes da infecção. Por isso, é preciso observar os sintomas mais evidentes: dor de cabeça, dores abdominais, diarreia e, principalmente, o acometimento pulmonar. Os pacientes podem apresentar tosse, sintomas gripais de coriza, falta de ar e febre. Quem está há mais de três dias com esses sintomas deve procurar a emergência”, recomenda o Dr. Jorge.

“Existem as pessoas que apresentam os sintomas, mas outras não, o que pode gerar ansiedade para a confirmação do diagnóstico. É recomendável que o atendimento médico seja procurado somente se houver sintomas. Para trazer mais tranquilidade, a prevenção com o uso da máscara e do álcool em gel são fundamentais”, explica e enfermeira Luciana.

A importância das medidas de prevenção para evitar o contágio nas comunidades

“Um estudo feito em comunidades carentes apontou que 35% da contaminação acontece por falta de adesão. Ou seja, uma em cada três pessoas não aderem aos cuidados básicos como o uso de máscara, a higiene das mãos e o distanciamento social. Esses hábitos previnem cerca de 85 a 90% das infecções”, aponta o médico.

E quando as comunidades tiverem dificuldade no acesso aos equipamentos de proteção? O que fazer?

“Sabemos que as comunidades têm dificuldade em adquirir os EPI’s (equipamentos de proteção). Uma das saídas é o uso das máscaras de tecido (que podem ser usadas muitas vezes), mas elas devem ser lavadas todos os dias”, observa o médio.

“Em um primeiro momento da pandemia, quando estivemos na comunidade para efetuar a entrega de cestas básicas, vimos que as pessoas não estavam usando máscaras. Já na segunda vez que estivemos no local, percebemos que o comportamento tinha mudado e que as pessoas já estavam usando”, se lembra Luciana.

Os especialistas também chamaram a atenção para outros comportamentos que exigem cuidado.

“O compartilhamento de objetos, algo muito comum nas comunidades, deve ocorrer somente se necessário. Quando acontecer, eles também devem ser higienizados”, observa o médico.

“Os sapatos também são um veículo de contaminação. É recomendável tirá-los ao chegar em casa”, orienta a enfermeira.

De modo geral, ambos os profissionais recomendam às comunidades que mantenham o distanciamento social como principal forma de evitar a contaminação.

“Todo mundo sente saudades das interações sociais. Mas é preciso se distanciar. Devemos nos preocupar com as outras pessoas, que podem ter outras patologias (que agravam a Covid-19). Mesmo sem sintomas, um indivíduo pode estar contaminado e transmitir”, diz Luciana.

Quando se deve procurar o atendimento médico?

“Os sintomas clássicos da Covid-19 são tosse e febre. Mas, é preciso aferir a temperatura para ter certeza de que uma pessoa está com febre. O parâmetro da medicina é quando a temperatura chega aos 37.8 °C. Quem tem febre precisa ir ao médico para receber orientações. Quem apresentar entre 37.5 °C e 37.8 °C está apenas em um estado febril”, esclarece o Dr. Jorge.

É fácil saber quando estou com falta de ar?

“Identificar a falta de ar é algo que gera dúvidas. Quando alguém está conseguindo conversar normalmente, essa pessoa não está com falta de ar. Se alguém se queixa de falta de ar, um médico faz uma avaliação se o paciente apresenta esforço respiratório ou aumento da frequência respiratória. Quando se tem entre 20 a 30 respirações por minuto, é considerado falta de ar”, ele comenta.

E quando alguém já está positivo? Quando é preciso ir ao médico?

Quando há um quadro de febre que não cessa com a medicação prescrita pelo médico e/ou quando apresentar falta de ar. Nesses casos, é preciso procurar o atendimento disponível na cidade”, orientam os profissionais.

Tenho um caso confirmado de Covid-19 em casa, devo procurar a emergência?

“As pessoas que moram com alguém que testou positivo não precisam ir até uma unidade de saúde para fazer o teste. Neste caso, uma equipe médica irá até o domicílio. Não se deve procurar o atendimento médico sem sintomas, pois isso aumenta o risco do paciente em ser contaminado”, diz Dr. Jorge.

“Os cuidados dentro da residência são manter a pessoa que testou positivo isolada, ter cuidado com o uso de utensílios e toalhas. Deve-se usar a máscara dentro de casa também”, recomenda Luciana.

Existe imunidade para a Covid-19? Quem já pegou, pode pegar de novo?

“Sim, é possível. É como a gripe, que pegamos todo ano. Provavelmente, a próxima infecção será mais branda. Não devemos esquecer que a transmissão de alguém infectado pela segunda vez também é possível”, esclarece o médico.

E quanto às vacinas? Quando poderemos contar com elas?

“Não sabemos ainda o tempo que devemos esperar até que uma vacina seja aprovada com segurança e até que ela chegue para todas as pessoas. Isso pode demorar muitos meses ou até mais. Esperar a vacina não deve ser o nosso foco. Contra a contaminação, a melhor forma é a prevenção”, resume o Dr. Jorge.

Como os líderes comunitários devem agir?

“Nós, líderes comunitários estamos na linha de frente. Somos todos responsáveis e devemos repassar as orientações às comunidades para esclarecer e evitar que as medidas de prevenção sejam recebidas com antipatia. Sabemos que usar a máscara era um hábito que não fazia parte da nossa rotina, mas esse é um momento delicado”, observa a enfermeira.

Raio X novo coronavírus (Covid-19):

● O que é? O coronavírus é uma infecção viral, na qual o vírus morre sozinho em pouco dias. O que diferencia a Covid-19 são as complicações decorrentes da infecção.
● Quais os sintomas mais frequentes? Dor de cabeça, dores abdominais, diarreia e, principalmente, o acometimento pulmonar. Os pacientes podem apresentar tosse, sintomas gripais de coriza, falta de ar e febre;
● Como saber quando se está com febre? Deve-se medir a febre com um termômetro. Quando a temperatura chegar aos 37.8 °C, é considerado febre;
● Quando identificar o que é falta de ar? Quando se tem entre 20 a 30 respirações por minuto. O médico pode fazer exames para confirmar o esforço respiratório ou aumento da frequência respiratória;
● Quem deve procurar o atendimento médico? Somente quem estiver apresentando sintomas há mais de três dias;
● E quem já testou positivo, quando deve procurar novamente o atendimento médico? Quando há um quadro de febre que não cessa com a medicação prescrita pelo médico e/ou quando apresentar falta de ar;
● Quem mora com alguém que testou positivo para a Covid-19, o que deve fazer? Não é necessário ir até uma unidade de saúde para fazer o teste em caso de suspeita de contaminação. Uma equipe médica irá até o domicílio;
● Os cuidados dentro da residência são:
-Manter a pessoa que testou positivo isolada;
-Ter cuidado com o compartilhamento de utensílios e toalhas;
-Usar a máscara dentro de casa também.
● Quais são os melhores cuidados para a prevenção?
-Uso de máscara (máscaras de tecido devem ser lavadas diariamente);
-Higienização das mãos;
-Distanciamento social;
-Objetos que forem compartilhados devem ser higienizados;
-É recomendável tirar os sapatos ao chegar em casa, pois eles podem ser um veículo de contaminação.
● É possível pegar a Covid 19 mais que uma vez? Sim, é possível. É como a gripe, que pegamos todo ano;
● Existe vacina contra a Covid-19? Ainda não. A vacina pode demorar muitos meses ou até mais. Contra a contaminação, a melhor forma é a prevenção.
  
Quem quiser assistir na íntegra a conversa, pode acessar a página do Facebook da Global Communities Brasil ou acessar este link.

Comunidade em ação

​A Global Communities, através do Programa Semeando o Futuro, incentiva o desenvolvimento comunitário colaborando com a construção de capacidades nas comunidades locais para que elas busquem as melhorias para as suas necessidades prioritárias através de práticas democráticas tornando-se autodeterminadas e desenvolvam sua autossuficiência comunitária.

Esta abordagem é trabalhada com as comunidades em etapas e estas por sua vez constroem a sua capacidade para controlar os bens comunitários e mobilizar recursos para resolver um determinado problema, bem como fortalece a flexibilidade e a união social.