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Quando as ações viram ações pelo empoderamento da comunidade

Published 06/06/2017 by Daiane Yara Martins

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Programa Semeando o Futuro oferece suporte para cada bairro realizar suas próprias melhorias Clique aqui para editar.

Que a união faz a força, todo mundo sabe ou já ouviu falar. Mas no bairro Bela União, em Horizontina, a união faz a força, melhora a saúde das pessoas, muda a forma da comunidade pensar e constrói maneiras de agir diante das necessidades. Exemplo disso é o projeto Mãos Unidas: um grupo de mulheres que se reúnem uma vez por semana para ensinar, umas às outras, técnicas de crochê, pintura e bordado. Além de ocupar o tempo e a mente, elas organizam feiras para expor o trabalho e obter renda extra. “Sentimos a necessidade de fazermos algo para nós. Chamamos uma, que conhecia a outra e assim o grupo se formou. Uma sabe crochê, a outra quer aprender. Nesse processo, a gente deixa a solidão de lado. Isso nos transforma”, conta a líder do grupo, Iara Estigarribie Garcia, 64 anos. 

Dona Iara chegou em Horizontina em 2015 e através de uma amiga conheceu o Programa Semeando o Futuro. Na época, ela percebeu que a orientação e o acompanhamento do programa foram essenciais para pensar nas ideias. “Depois da ideia vem o projeto, colocar no papel de forma organizada. Daí realizar as ações, melhorando a expectativa de vida da comunidade”, explica. Depois que a ideia do Mãos Unidas foi para o papel, elas próprias procuraram voluntários dentro do bairro para as aulas e fizeram uma parceria com a escola, que cedeu o espaço para os encontros. “Nós podemos resolver os problemas, sem depender apenas do poder público. É nossa responsabilidade fazer o projeto continuar crescendo”, completa.

Empoderamento das ações para seguir adiante

Esse processo que a dona Iara chama de “nossa responsabilidade” é que o resultado do programa Semeando o Futuro em prática. O empoderamento das comunidades existe quando elas desenvolvem projetos e ações pensando na coletividade. De acordo com Giovana Kunh, técnica em Desenvolvimento Comunitário, o primeiro passo é identificar líderes e parceiros locais, mapeando os ativos e partes interessadas em cada bairro. Realizar reuniões, planejar, mobilizar e organizar a comunidade para a realização de projetos e ações.  “Cada bairro tem suas características e realidades diferentes. Então, cada bairro tem suas prioridades diferentes. O programa ajuda a identificar quais são estas prioridades e orienta na solução destes problemas, a partir do senso de coletividade”, explica.
Quando o programa começou a atuar no bairro Bela União, não existia uma estrutura de organização comunitária.  Não existia nem projetos, nem um grupo unido para promover as ações. Pelo Semeando o Futuro, alguns moradores passaram a pensar coletivamente no bem-estar do bairro e hoje existe uma associação de moradores formalmente constituída que está conseguindo conquistas importantes como: aulas de capoeira para mais de 30 crianças, cursos de informática para adultos e uma sala de reuniões no ginásio da escola. “O programa nos fez entender que podemos ter nossas conquistas. A sala mostra o quanto evoluímos. Existe hoje uma mobilização comunitária que não existia no passado. E, assim, temos uma transformação no modo de viver de todos aqui”, explica o presidente da associação, Paulo Almeida.

“Quando eu melhoro a vida do bairro, melhoro a minha vida também”

Adélio Furtado, tem 46 anos e há 10 mora no Bairro Paraíso. Desde que chegou, nunca viu  tantas melhorias serem feitas como agora. “Além das conquistas materiais, hoje temos a união da comunidade, que é valiosa para esses projetos seguirem em frente”, conta seu Furtado, que hoje é presidente da associação de moradores do bairro. “A associação surgiu depois que o programa nos incentivou. Reunimos alguns moradores e montamos a equipe e o estatuto. Na primeira reunião nós decidimos não desistir, mesmo com pouco apoio da comunidade”, completa.

O grupo começou com pequenas ações, como tapa buraco, retirada de pneus abandonados e instalação de um bebedouro na praça. Teve também a construção de um passeio público e de um ponto de ônibus. “Sempre quando tu lidas com as pessoas, tem aqueles que não acreditam que o trabalho voluntário dá certo. Existe a cobrança, mas com planejamento a gente conquista tudo e aos poucos conquistamos a confiança da comunidade. Fizemos uma galinhada comunitária para juntar dinheiro para pagar os custos da associação e foi um sucesso. Mais de 40 pessoas participaram”, lembra.

Mas a maior conquista foi a escolinha de futebol. Seu Furtado conta que a ideia partiu de um morador que sentiu a necessidade de oferecer um tempo para as crianças e o incentivo ao esporte foi aprovado por todos. “Colocamos a iniciativa no papel e o projeto conseguiu verbas com o Conselho da Comunidade. Conseguimos uniformes, bolas, traves. É uma conquista que deixa nosso coração feliz. Os pais das crianças estão felizes, também. E as crianças, mais ainda. Isso é o mais importante”, garante.

Texto e fotos: Alessandra Toniazzo